Bem-vindos!

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzokkLv8A7Y0gwFagpWdiCZKx1ebJ3LcKTEEO8HlXHf0S9pqZCOgGn1gVKes3N4iy4QbtrV9XWdo94Q2_Uf-lOFXocbnFJxUtwMIrgKnTm35lQWtqBZ66HqCqzaeC9tkKptQlOo0DFfbSX/s1600/barrinha_div_019.gif

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Carlos Drummond de Andrade: "Cada um tem sua maneira de amar" ♥


O jardineiro conversava com as flores e elas se habituaram ao diálogo.
Passava manhãs contando coisas a uma cravina ou escutando o que lhe confiava um gerânio.
O girassol não ia muito com sua cara, ou porque não fosse homem bonito, ou porque os girassóis são orgulhosos de natureza.
Em vão o jardineiro tentava captar-lhe as graças, pois o girassol chegava a voltar-se contra a luz para não ver o rosto que lhe sorria.
Era uma situação bastante embaraçosa, que as outras flores não comentavam.
Nunca, entretanto, o jardineiro deixou de regar o pé de girassol e de renovar-lhe a terra, na devida ocasião.
O dono do jardim achou que seu empregado perdia muito tempo parado diante dos canteiros, aparentemente não fazendo coisa alguma.
E mando-o embora, depois de assinar a carteira de trabalho.
Depois que o jardineiro saiu, as flores ficaram tristes e censuravam-se porque não tinham induzido o girassol a mudar de atitude.
A mais triste de todas era o girassol, que não se conformava com a ausência do homem.
- Você o tratava mal, agora está arrependido?
- Não, – respondeu. – Estou triste porque agora não posso tratá-lo mal.
É a minha maneira de amar, ele sabia disso, e gostava.
(Carlos Drummond de Andrade)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Vamos de Paz

Nas clareiras do mundo, flores que salmodiam. Padre Fábio de Melo